O Tejo, as fragatas e o meu avô

Desde Vila Velha de Ródão, o Tejo corre em terreno português. À medida que se aproxima da foz, o seu trajecto faz-se em terreno cada vez mais plano. A Lezíria é uma planície mítica. Em Santarém, nas Portas do Sol, ainda se desenham margens altas. Depois, aqui e ali, aparecem pequenas ilhas de areia e no estuário recortam-se canais, afunda-se o Mar da Palha. E vem a Ponte Vasco da Gama, na sua beleza suave, a passar sobre a Reserva Natural; e, finalmente, a imponência da estrutura metálica da outra ponte, com o Cristo-Rei adiante.

Quando eu era menino, ainda não havia estas pontes. Atravessava-se o Tejo de cacilheiro e era uma aventura. Para a Costa da Caparica apanhava-se uma camioneta em Cacilhas, onde as bagagens dos passageiros eram amarradas no tombadilho. Era uma excursão laboriosa. Mas ainda se viam barcos à vela que faziam fretes de carga. Hoje, desses navios existe uma ou outra carcaça e os raros que perduram, foram recuperados para fins turísticos.

Do elenco do estuário do Tejo fazem parte os barcos, os estaleiros, as secas de bacalhau, como pescadores, marinheiros, camponeses, carpinteiros e campinos. Pela mão do meu avô tive o primeiro contacto com eles. Diz-se que até aos 5 anos tudo se decide. Pela parte que me toca, a primeira abordagem foi a descoberta de um mundo que não deixou de me fascinar.

É curioso como existem tantos escritores que falaram do Douro e, comparativamente, sobre o Tejo, os textos são escassos. E, como nos mostram os romances de Alves Redol, as dificuldades, os conflitos e, o heroísmo como a cobardia, são os mesmos, só a geografia é diferente. No Ribatejo, as cheias transformavam o rio num enorme lago que arrastava barracas, gado morto, os pobres pertences daquela gente, escorada no seu desespero e firmeza. Hoje, as cheias estão domesticadas pelas barragens, mas o peixe escasseia.

Falo-vos, pois, do Tejo da minha infância e de outras experiências que a vida me foi trazendo. As leituras apenas encorparam as memórias e ajudaram a esclarecer as dúvidas.

Por altura de Salvaterra de Magos pesquei tainhas e lembro-me de como ao comê-las fritas me ocorria o pequeno combate que travavam e da sua astúcia em debicar o isco e ignorar o anzol. Cada peixe tinha uma história. E como passeávamos pelo rio e parávamos em qualquer ilhota de areia que a vazante descobrira, para um banho de sol.

E de como ao deambular pela zona ribeirinha da margem Sul à procura de vestígios dos barcos tradicionais, lembrar-me que Vasco e Paulo da Gama eram naturais do Seixal, como todos aquelas terras tinham antes pertencido a D. Nuno Álvares Pereira, e como estas figuras estão secundarizadas pela toponímia político-ideológica. Se nos descobrimentos as naus partiram de Belém, foi no estuário que elas foram construídas e abastecidas. O Tejo foi a rampa de lançamento das caravelas.

Da grandeza antiga talvez o sinal mais evidente seja a fragata D. Fernando II e Glória, o último navio à vela a fazer a carreira da Índia, e agora, depois de muitas vicissitudes e serventias, içado para visitas no cais de Cacilhas.

Há anos o Expresso publicou crónicas assinadas pelo Luis de Sttau Monteiro. Uma delas referia-se a um café na Calçada da Estrela, chamado “Brilhante” e que hoje ostenta o pouco recomendável nome de Bibi. Era um local que serviu de tertúlia a muita gente, que presumo interessante. Lembro-me de se descerem 3 ou 4 degraus e de ser um espaço um tanto exíguo. Aos 5 anos talvez eu comesse um Bolo de Arroz. Mais abaixo, na Calçada, ficava o “Parlamento” e nas traseiras, a casa de Salazar. O meu avô era um dos clientes habituais e morava a uns 100m, numa perpendicular à Calçada. Não faço a menor ideia do que conversariam, mas sei que ele me contava histórias, das mais fantásticas que ouvi na infância. Talvez de barcos de grandes velas enfunadas pelo voo das gaivotas, talvez do peixe que apanhava ao corico não o sável mas um verdadeiro espadarte imigrante desiludido do oceano; mas falava seguramente do rio,  das margens do sonho ao sabor das marés do acaso.

FM

 

 

 

Foi a 30 de Dezembro de 1951, a inauguração da ponte sobre o Tejo, em Vila Franca de Xira (VFX). Com pompa e circunstância, o Presidente Craveiro Lopes e Salazar (1º Ministro) foram os oficiantes. A ponte baptizada “Marechal Carmona”.

Este último havia morrido meses antes e a distinção representava o reconhecimento do regime, que sempre haveria de escolher, para a Presidência, militares considerados cordatos e decorativos.

Craveiro Lopes deposita uma coroa de flores na cerimónia fúnebre de Óscar Carmona

A nova ponte respondia à necessidade de transporte de pessoas e mercadorias entre as duas margens do Tejo, que, à época, apenas se fazia por barco. Sal, cortiça, cereais, vinho, produtos hortícolas eram assim transportados em todo o estuário do rio. Para a construção da ponte foi necessário abrir estradas, naquilo que hoje constitui a EN 10, e preparar novas docas para embarque e desembarque dos materiais.

A construção da ponte de VFX acelerou o declínio do transporte fluvial no Tejo e liquidou a navegação à vela.

Em fins de Dezembro de 1951, fazia um tempo quase primaveril, a ponte foi inaugurada sob um sol luminoso num céu sem nuvens”…

Ver Página

…”O novo Presidente da República, o Primeiro Ministro, o Cardeal Patriarca e a maioria do Governo foram recebidos por campinos a cavalo, desbarretados, os ferros das casas agrícolas bem areados brilhando nos coletes encarnados,”…

…”precedidos pelos lavradores montando ginetes ajaezados à andaluza ou à portuguesa, e pelas forças vivas do Concelho tendo à frente o presidente Arnaldo Moreira, os Lencastre, ainda enlutados pelo falecimento da rainha D. Amélia, os dirigentes da União Nacional e os das colectividades da região, o padre Carlos, os legionários, os meninos da Mocidade, os bombeiros, a banda da Filarmónica União e Progresso, todos de estandartes ao vento, e, diga-se em abono da verdade, muito povo” in Café Central/Álvaro Guerra.

O meu avô Fernando morrera de repente meses antes da inauguração da ponte. E, foi assim poupado à ruína anunciada do seu negócio de transporte fluvial. Do que me lembro, gostava de barcos. Assisti às reparações, nos estaleiros da Amora, da “Moreno”, a sua última fragata. Brinquei com bocados de madeira entre os carris por onde os barcos eram içados para as reparações no areal. E lembro-me vagamente dos estaleiros e de calafates, carpinteiros, arrais, mestres… Sempre barcos, o Tejo, até ao Rossio ao Sul do Tejo, onde o meu avô fora criado.

Como me lembro, muito criança, das Festas do Barrete Verde e da largada de toiros…

As fragatas, o estuário do Tejo e a sua gente estiveram, assim, sempre presentes no meu imaginário. Durante anos conservei uma miniatura de fragata com cerca de meio metro de comprimento, oferecida pelo meu avô, que ele próprio construira com um canivete. Linda, na sua profusão de cores, a boiar na banheira…

Até meados do séc. passado, era por via marítima que se fazia o transporte de pessoas e mercadorias no estuário do Tejo. Na época dos descobrimentos, as próprias caravelas eram abastecidas por barco.

Vista do Barreiro na primeira metade do século passado. Os cronistas referem a profusão de velas que se observava no rio.

A importância dos estaleiros, nomeadamente no Seixal, foi decisiva. A armada que fez a viagem à Índia foi construída nesses estaleiros, sob a supervisão de Paulo da Gama, irmão de Vasco.

Estaleiros da Amora

 

As embarcações do Tejo tinham formas, dimensões e cores muito variadas, de acordo com as funções a que se destinavam, a navegabilidade dos percursos que utilizavam e o gosto dos construtores.

Fragatas, varinos, faluas, muletas, barcos dos moinhos, botes, saveiros, canoas, caíques, são alguns dos barcos tradicionais, uns utilizados em transporte, outros na pesca.

A fragata é uma embarcação de porte bojudo e pesado, uma vela içada junto ao mastro com acentuada inclinação para a popa. Em períodos de calmaria, a fragata era puxada a remos por um pequeno bote que habitualmente levava a reboque. Deslocava de 10 a 100 toneladas, logo as suas dimensões eram variáveis. As poucas que ainda existem foram recuperadas para fins turísticos, graças à iniciativa das autarquias.

Carcaça de uma fragata encalhada no Seixal

Mouchão “Na rota contraditória das suas águas, o Tejo foi depondo e levando, levando e repondo areias junto do valado real da Lezíria Grande. Areias e terras doutras margens por onde passa. Quando o Tejo passa, algo acontece sempre, porque um rio tem as suas glórias e os seus dramas. Como os homens. Um rio vive, respira, trabalha, constrói e destrói. Também os homens. Mas os homens amam e apaixonam-se. Por belas coisas, às vezes; por coisas mesquinhas, outras tantas. A paixão é o tudo e o nada dos homens. Odienta ou amorosa, a paixão empolga-o, porque nem só o amor sublima o homem. Também na luta feroz ele se ultrapassa. A sobrevivência, por exemplo, é sempre uma luta feroz, mesmo em silêncio. Ou será ainda maior quando vive no silêncio…”

…”Um rio tem as suas glórias e os seus dramas, mas não se apaixona. 0 Tejo não pensa — age. Age ao sabor das circunstâncias. Age e constrói; age e destrói. Como o homem. Mas o homem pensa e conhece a dúvida.” in Avieiros/Alves Redol

O estuário do Tejo pode ser dividido em quatro zonas distintas: a zona mais a montante estende-se desde VFX até à linha de Alcochete/Sacavém, caracterizada por um sistema de mouchões, esteiros e grandes espraiados de maré;

Vista do Mar da Palha em Alcochete

Alcochete

Segue-se-lhe o Mar da Palha, que se estende até ao Cais do Sodré, mais profunda que a anterior, e constitui uma espécie de mar interior onde desaguam alguns rios e ribeiras. É nele que se fazem a maioria das travessias por barco entre as duas margens.

Cacilhas. A terceira zona do estuário tem a forma de um canal com uma profundidade que, em alguns pontos, chega a atingir perto de 40 metros. Nas suas margens situam-se Lisboa e Almada;

por fim, o estuário gradualmente dá lugar às águas marinhas. É a zona terminal que pode ser delimitada até à linha Bugio/S.Julião.

Lisboa vista de Cacilhas

A lezíria corresponde a antigas áreas de sapal que foram isoladas das marés e das cheias, através de um sistema de taludes e comportas. Os seus terrenos agrícolas são recortados por uma vasta rede de canais – as valas. Estas recolhem as águas, em excesso no Inverno, escoando-as pelas comportas para o estuário. No período de escassez, distribuem a água para rega, captada a montante no troço do rio onde as águas já são doces.

Os solos da Lezíria são pesados e pobres, de lavoura difícil. No Verão, gretam e ficam tão duros que as máquinas não os conseguem trabalhar. Após as primeiras chuvas, começam a encharcar devido à pouca permeabilidade da argila. As suas limitações agrícolas conduziram a uma utilização orientada para a produção de gado (touros e cavalos).

Os ambientes ecológicos encontrados no Estuário e, nomeadamente, na sua Reserva, são variados. Incluem uma zona permanentemente submersa, que, na maré vazia, funciona como local de refúgio e alimentação de pequenos peixes em crescimento e também de alimentação aves aquáticas, como as garças. A zona de maior profundidade é utilizada por peixes que entram no estuário para se alimentar.

O sapal é o grande produtor de matéria orgânica vegetal do estuário. Entre as espécies de animais de pequeno porte aqui existentes, relevo para as espécies protegidas, observdas com regularidade. Mais a montante, onde as águas são quase doces, o caniço domina a vegetação.

Sapal

Salinas do Samouco: as salinas resultam da transformação de antigas áreas de sapal, em tanques com diferentes alturas de água, concebidos para a obtenção de sal. A variedade de dimensões proporciona grande disponibilidade de alimento (peixes, camarões, pequenos crustáceos, larvas de insectos, etc.) para várias espécies de aves. Em todo o ano se podem observar espécies protegidas, funcionando no período estival como local privilegiado de nidificação.

Cais palafítico do Samouco com a ponte Vasco da Gama em fundo. Estes cais são construídos em estacas de madeira sobre águas pouco profundas.

Alcochete

A seca natural, após a salga, é um dos mais primitivos processos de preservação dos alimentos. Na região do Tejo, as secas do bacalhau estavam situadas próximo do Barreiro e Seixal, ou em Alcochete. A secagem natural envolve procedimentos simples e rotineiros, mas muito dependentes das condições climáticas. O peixe era exposto ao ar, depositado sobre o solo pedregoso ou sobre estendais de fio ou arame ou estacaria de madeira. Era levantado quando a temperatura era mais elevada.

Seca do bacalhau, Amora – Entre o levantar e o estender, os peixes eram empilhados, repetindo-se o procedimento tantas vezes quanto precisas até se obter o grau de cura pretendido. Nos tempos da frota pesqueira nacional, a fazer safras de bacalhau que duravam de cinco a seis meses, os navios chegavam aos respetivos portos e os peixes eram descarregados para as instalações de secagem. E, aí, se iniciava o processo descrito. Hoje, embora perdurem ruínas dessa época, é na região de Aveiro que, principalmente, se processa a comercialização do bacalhau.

Alhos Vedros – Foram construídos moinhos em quase todos os estuários dos rios portugueses, mas a região do Seixal, constituída por terrenos baixos e alagados, facilitava a sua edificação. Junto dos moinhos existiam docas, onde atracavam barcos que traziam farinhas e escoavam os produtos da região. Nos moinhos era preparada farinha de peixe e adubos e descascava-se o arroz.

O Moinho de Maré de Corroios, foi construído em 1403, por ordem de D. Nuno Álvares Pereira, proprietário de quase todos os terrenos banhados pelo braço do rio Tejo que entra no Seixal. O objetivo era aproveitar o fluxo e refluxo das marés para a geração de energia motriz. Muito danificado pelo terramoto de 1755, foi adquirido pela Câmara Municipal do Seixal (1980), que o restaurou.

VFX

No início do século XX, a diminuição dos cardumes de sardinha fez sair os pescadores da Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande. A abundância de pesca no Tejo terá atraído muitos deles. Com o decorrer do tempo, esses pescadores, depois denominados avieiros, foram-se fixando em diferentes locais das margens do Tejo. Consoante a época, dedicavam-se à pesca ou vendiam melões e melancias.

À noite, a pesca era feita com as artes mais pequenas, mas nas companhas do sável, era à rede. Gente pobre, verdadeiros ciganos do rio, trabalhando até à exaustão, homens e mulheres, à procura do peixe que ia escasseando…Foi Alves Redol quem melhor no-los revelou.

Salvaterra de Magos “A meio da noite, o Tejo parecia aceso com o lume dos archotes. De pé, no bico da proa, os homens empunhavam os lumaréus para descobrirem as redes, enquanto as companheiras continuavam aos remos, atentas às ordens que eles lhes davam. Tinham antes passado pelo sono, logo a seguir à ceia; depois não havia tempo para as mulheres descansarem, se a sorte não os amadrastasse, porque a venda não esperava. Uma légua ou duas nas pernas era conta certa para todas elas.” in Os avieiros/Alves Redol.

Gaibéus é a designação atribuída aos trabalhadores rurais do Ribatejo ou da Beira Baixa que vão trabalhar na Lezíria durante as mondas. Deslocados, portanto. E “alugados”. Com aquele título, Alves Redol publicou em 1939 um romance, que retrata “um povo resignado que luta afincadamente durante o tempo quente, antes da chegada do Inverno, em condições extremas para fazer render os poucos cobres que lhes pagam por tamanha dureza…” /”…O sol fora de trovoada, sufocando os ceifeiros, como se trabalhassem na câmara de um alto forno, mas os trovões não acordaram o silêncio da Lezíria…”/ “…Eles não sabem se vem chuva, mas sabem que a malária, pelo menos, não falta. É tributo sagrado a pagar todos os anos à Lezíria. Quando pegam nas foices, têm de contar com as tremuras daquele frio nascido dentro deles e que os sacode, como nordeste a ramos de salgueiro….”

“…Agora o sol já abalou e a chuva ainda não veio. A ceia é menos amarga que o almoço e o jantar – a malta ganhara um dia inteiro sem descontos. Aquela certeza empresta-lhes coragem. /Não há ordem do patrão para armar «brincadeira» e os ceifeiros invadem o barracão, desenrolando as esteiras, onde estendem os corpos amolentados pela fadiga. Se o consentimento viesse, ainda lhe dariam um jeito, que a dança sempre esperta energias e adormece pensamentos. /Alguns a preferem ao vinho – mas o vinho também não entra naquela empossa. Mesmo se tirassem à tripa, ia de mal aquele que usasse da pinga. O patrão quer os alugados leves de mão e direitos de cabeça.” in Gaibéus/Alves Redol

Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, é outro romance neorrealista, com o Tejo em fundo. Denuncia as desumanas condições de vida de crianças nas margens dos esteiros, em Alhandra, obrigadas a trabalhar nos telhais para sobreviver. Retrata os “filhos dos homens que nunca foram meninos”, na sua luta contra a opressão e a miséria.

A caldeirada à fragateiro, à ribatejano ou à pescador é um prato típico da região ribeirinha do Tejo com pequenas variantes na sua preparação. Fataça, tainha e enguias são peixes obrigatórios, embora por vezes lhes acrescentem saboga, barbo, safio ou tamboril. Os fragateiros cozinhavam-nas nos próprios barcos.

Ensopado de enguias, açorda de sável e fataça frita são outros pratos típicos da região.

O campino é um ícone do Ribatejo, ligado à condução de gado, em especial, touros. Altivo sobre o seu cavalo, vestido de colete encarnado, faixa vermelha na cintura, calça azul, meias brancas até ao joelho, sapato preto com esporas, jaqueta de barrete verde com orla e barra em vermelho, camisa branca e empunhando um bastão.

“O Ribatejo deve ser visto das Portas do Sol de Santarém, num dia de cheia, ou das bancadas duma praça de toiros, numa tarde de verão. Num dia de cheia, porque o Tejo hipertrofiado marca-lhe exactamente a extensão e os contornos que a geografia nunca encontrou; numa tarde de toiros, porque é no redondel que se precisa a sua íntima significação. “in Portugal/Miguel Torga

“As grandes searas da campina, embora desafiem as alentejanas, não lhes levam a palma. Mas o toiro que irrompe do curro, negro e luzidio, e o cavalo que o espera, nédio e nervoso entre as esporas do cavaleiro, esses não temem confronto e são o produto específico da terra ribatejana. Só nela o puro-sangue pode encontrar o seu húmus, a virgindade dum solo que um deus ainda visita e fecunda. Ele e o homem que o domina, não em luta desigual e traiçoeira, mas saltando-lhe para o lombo indomado ou recebendo-lhe a marrada impetuosa e cega no peito. Na articulação dos três lados do triângulo – campino, cavalo e toiro -, conjugam-se as últimas forças viris que restam a Portugal dos tempos livres da Criação, das eras selvagens e testiculares que a civilização castrou.” in Portugal/Miguel Torga

SAMSUNG DIGITAL CAMERA

Vila Velha de Ródão

Portas do sol (Santarém)

Vista do Tejo das Portas do Sol

Vista do Tejo (Abrantes)

Vista do Tejo (Abrantes)

Vista do Tejo (Santarém)

Vista do Tejo (Portas do Sol/Santarém)

Rossio ao Sul do Tejo

Valada

“Um voo desferido é uma gaivota, /não é o voo da imaginação;/ gritos não são agoiros, são a lota…/ Vá, não faças batota,/ Deixa ficar as coisas onde estão…”Alexandre O’Neill

“Não, Tejo, não és tu que em mim te vês, – sou eu que em ti me vejo! ” Alexandre O’Neill

Consultados: Fernando Chagas Duarte – A indústria do bacalhau no início do século XXI. http://www.aldraba.org.pt/PDF/A%20ind%C3%BAstria%20do%20bacalhau%20secXXI.pdf; Antonio Nabais – Barcos do Tejo, http://www.altotejo.org/acafa/docsN2/Barcos_do_Tejo.pdf; Instituto da Conservação da Natureza – Reserva Natural do estuário do Tejo http://www.icn.pt/TurismoNatureza_anexos/RNET.pdf; Ricardo Neves . Os salgados portugueses no séx. XX. Que perspectivas para as salinas portuguesas no séc.XXI?. http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/7975.pdf

Agradecimentos a Carlos Ribeiro Gomes e Francisco Vaz Garcia

Olhares (e ver)